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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos
Os Caprichos e Belezas
da Nossa Língua Portuguesa
 
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé, Príncipe, Timor-Leste e Portugal.

Temos em epígrafe, a relação nominal dos países que falam a nossa Língua Portuguesa. Ela, todavia, é cheia de armadilhas linguísticas que nos deixam de orelhas em pé! Vaidosa e linda que só, nos exige muitos cuidados nos momentos do discurso, na escrita e, muito mais, nas formas ao grafarmos a redação de textos.

Pois é aí, meus amigos, que “o bicho pega feio.” Vejamos:
Na entrada de uma Igreja fora postada, no Quadro de Avisos, a seguinte mensagem:
 
Aviso aos Paroquianos
 
(01) Para todos os ‘que têm filhos e não sabem’, temos na paróquia uma área especial para crianças!
(02) O Torneio de Basquete das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira. Venham nos aplaudir, vamos derrotar o Cristo Rei!
(03) Na sexta-feira, às sete horas, os Meninos do Oratório farão uma apresentação da obra de Hamlet, de Shakespeare, no Salão da Igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.
(04) Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam seus maridos!
(05) Assunto da catequese de hoje: – Jesus caminha sobre as águas!
Assunto da catequese de amanhã: – Em busca de Jesus!
(06) O Coro dos Maiores de Sessenta Anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia!
(07) O mês de novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia.
(08) O preço do Curso Sobre Oração e Jejum, não inclui as refeições!
(09) Por favor, coloquem suas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem sejam lembrados!
 
Então – e como bem vimos – temos que admitir: a nossa Língua Portuguesa é uma linda e encantadora mulher. Vaidosa que só, ela quer ser admirada, tratada com muito carinho e atenção! Se titubearmos, “a vaca vai para o brejo com os chifres e tudo mais”.

É ela – a nossa língua – a responsável pelo surgimento dos grandes romances. É, também, a responsável pela queda de reis, ditadores e presidentes (Viu, senhor Presidente?), bem como, a condenação ou absolvição de acusados nos tribunais, quando do uso de uma – mera, porém necessária – pontuação muda todo o rumo de uma história. Vejamos um caso:
A história nos fala de um déspota Rei que – tendo ou não motivos – tinha o mórbido prazer em matar os seus desafetos. E eis que a sua Guarda Real vê e prende um cidadão que escrevera a frase: Matar o Rei não é crime!

No dia do fatídico julgamento, onde o juiz (Adivinhem quem!) era o Rei, o esperto pichador diz em sua defesa:
- Senhor, se vossa majestade atentar-se para os detalhes, quem deveria estar no banco dos réus neste julgamento, é o comandante da vossa guarda. Eu estava escrevendo uma frase na qual defendo o Rei e, de repente, a guarda me prende sem, todavia, deixar que eu terminasse a frase, colocando as devidas pontuações que a mesma pedia, onde está contido o meu sentimento de respeito e admiração que tenho para com a vossa majestade. (Vale dizer que esta puxada de saco fora tão grande que o Rei gemeu, suou e remexeu no Trono Real.) A frase, Vossa Majestade – continua o esperto defensor – se fosse terminada como eu queria e quero, teria a seguinte grafia: Matar o Rei? Não!... é crime!

O Rei aceita o argumento da defesa, e o esperto conhecedor e amante da sua língua safou-se da sua condenação à morte!
 
Outra armadilha da nossa língua:
 
Havia um livro denominado Admissão ao Ginásio (os “mais experientes” do Recanto devem se lembrar) que trazia uma frase na qual o autor pedia que fossem colocadas as devidas pontuações, para que a mesma tivesse o sentido desejado ao devido entendimento do seu teor. Eis a frase:
“Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro!” (Os “mais experientes” relembraram?) Vejamos, pois, como ficaria a dita cuja:
Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe; do fazendeiro era também o pai do bezerro

Sejamos mais explícitos: O fazendeiro tinha um bezerro e a mãe (do bezerro – entenda-se: a Dona Vaca, claro); o pai do bezerro (o touro, claro está) era também do fazendeiro.
A construção é caprichosa, mas vale a intenção.
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A Vírgula:
A vírgula, como bem sabemos, é aquele “ganchinho à toa” que se usa para dar um sentido (como todas as demais pontuações) a uma frase e na complementação do texto. Não é só – como muitos imaginam ser – uma “pausa respiratória”. Vai muito mais além! Ela é mesmo importante!

Vejamos abaixo, a campanha dos 100 anos da A.B.I. (Associação Brasileira de Imprensa) sobre o assunto:
A vírgula pode ser uma pausa... ou não. Exemplos:
Não, espere. ó Não espere.
Ela pode sumir com o seu dinheiro e, para tanto, basta mudar a sua posição:
R$23,04 (Vinte e três reais e quatro centavos) ó R$2,34(Dois reais e trinta e quatro centavos)
 
Ela pode ser autoritária:
Aceito, obrigado! ó Aceito obrigado!  
Ela pode criar heróis e vilões:
Isso só, ele resolve! ó Isso só ele resolve! (herói)
Esse, Juiz, é corrupto! ó Esse Juiz é corrupto! (vilão)
 
A vírgula muda uma opinião:
Não queremos saber. ó Não, queremos saber.
A vírgula, como já vimos, muda tudo! Experimente colocar a vírgula nessa frase:
“Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro a sua procura.”

Vejamos:
Se você é mulher, certamente colocou a vírgula depois da palavra Mulher. Se você é homem, colocou a vírgula depois de Tem.
Frase pontuada pela MULHER:
“Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de quatro a sua procura.”
Frase pontuada pelo HOMEM:
“Se o homem soubesse o valor que Tem, a mulher andaria de quatro a sua procura.”
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“A língua ferina fere muito mais que o fio da cimitarra!”
(Altamiro F. da Cruz)
Imagem: Google
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 15/08/2021
Alterado em 16/08/2021
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