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Altamiro Fernandes
A vida em verso e prosa
Textos

OBRIGADO, COVID-19!

 
Desde a criação do Paradisíaco Éden até os dias presentes, o nosso mundo vive sob uma intensa pressão. Depois que Adão deu a primeira mordida na maçã da Eva – fato esse que veio a originar a expulsão do casal do Paraíso – os agora, nubentes, foram comer o pão que o diabo amassou. Então – e depois de inúmeras mordidas na maçã da Eva – geraram dois filhos. Tiveram outros, claro, mas só se destacaram Abel e Caim.

Este Caim era o Cão Chupando Maçã, mesmo porque – penso eu – a manga ainda não havia nem dentro e nem fora da sua antiga morada, o Éden. E provado ficou que tão Cão era o Caim que ele veio a perpetrar o primeiro fratricídio da história da humanidade. A partir daí, o mundo desandou na fomentação das guerras que deixou o homem com os ‘cabelos em pé’ até hoje.


Agora, estamos vivendo um triste período de uma guerra no qual – bem se sabe – somos passivos alvos de uma invisível criatura, cujos danos são piores que os provocados pelas visíveis Bombas Nucleares e Atômicas, sendo elas os preferidos brinquedos com os quais os tolos governantes gostam de – com elas – fazerem as suas divertidas guerrinhas. Hoje o nosso inimigo é invisível, mas os seus efeitos são palpáveis, físicos e – claríssimo está – bem visíveis.

Mas convenhamos: a humanidade estava – e ainda está – desumanizada. O homem perdeu tudo aquilo que lhe fora doado: Amor; Fraternidade; Respeito ao Criador e a Solidariedade. Bem sabemos que o ser humano é um diamante cheio de arestas e sujeiras. Ele precisa ser lapidado, polido para se transformar em um ofuscante brilhante imaginado por Deus ao criá-lo. Esta crosta de tantas egocêntricas impurezas – e tantas outras mais – se impregnaram de tal forma nos seres humanos com uma imensurável intensidade que eles se tornaram  irreconhecíveis.

Então – e por esse motivo – deixamos a nossa racionalidade de lado e nos transformamos em irracionais tão ferozes que não fazemos jus nem de sermos tratados como animais. Eles – os que eram por nós denominados como irracionais – são, na realidade, bem mais racionais que aqueles que julgavam ser o âmago da racionalidade. Mas, convenhamos que dentro do epicentro do “mundo selvagem dos irracionais” não existe a irracionalidade existente no nosso “mundinho racional”. Porque no “mundo da irracionalidade” vivem os racionais. No mundo da racionalidade vive o mais irracional de todos os animais – nós, os homens. Vou repetir o segundo parágrafo. É de propósito, somente para lembrarmos:

(Agora, estamos vivendo um triste período de uma guerra no qual – bem se sabe – somos passivos alvos de uma invisível criatura, cujos danos são piores que os provocados pelas visíveis Bombas Nucleares e Atômicas, sendo elas os preferidos brinquedos com os quais os tolos governantes gostam de – com elas – fazer as suas divertidas guerrinhas. Hoje o nosso inimigo é invisível, mas os seus efeitos são palpáveis, físicos e – claríssimo está – bem visíveis.)

Mas tudo isso vai passar. Vagarosamente passará, mas vai deixando as suas marcas indeléveis em nossas vidas. Porém – e acima de tudo, diga-se – esta pandemia resgatou-nos o desejo de valorizar as coisas que, até então, estávamos tão acostumados a elas que, delas, acabamos (de há muito) por esquecê-las por não as valorarmos. E elas, as coisas por nós esquecidas, são simples, mas muito importantes em nossas vidas: um aperto de mão, um olhar no olho do ser amado e ler nesse olhar a sutil e doce mensagem que o coração dele está transmitindo ao nosso coração, e aquele alegre sorriso que, hoje, é prisioneiro da máscara do medo que nos tem assolado.

Mesmo assim, vale a pena viver e vencer todas as adversidades que a vida possa nos apresentar. São esses obstáculos que estarão nos lapidando para nos tornar melhores e virmos a ser o brilhante criado pelo nosso Deus!
 
Epílogo:
 
Estamos no meio do ano/2020. Mas, com o advento da Pandemia que assola o nosso mundo, está sendo despertado em nós aquele bom ‘Espírito de Solidariedade Natalina’ que, todos os anos, se hiberna em janeiro para, somente, vir a despertar no final do ano quando dos festejos natalinos.

Durante todo este período de hibernação, o Espírito de Solidariedade Natalina nos cega – ele não quer ser acordado – impedindo-nos de ver o irmão carente. E pelo nosso carente irmão, normalmente, passamos todos os dias e não o vemos. Não nos esbarramos nele, porque o seu corpo é volátil, etéreo e, por ele, nossos corpos insensíveis transpassam sem se tocarem. O dele anseia em tocar-se com o meu – não se tocam. Pelo meu é o dele rejeitado. Anseia por um abraço meu – não o dou. Anseia para ser visto, acudido – não o vejo, não o acudo. O meu corpo, do dele, se esquiva pela cegueira que no meu há. Não vejo os seus sofrimentos, suas dores, seus anseios. Isso só é possível porque a nossa cega solidariedade está adormecida – ainda não é Natal, ainda estão hibernando o meu, o seu, os nossos Espíritos de Solidariedades Natalinas.


E eis que surge o Covid-19 em meio ao período de hibernação, tocando o Toque da Alvorada. É o alvorecer de uma nova era: a Era da Solidariedade. Os nossos preguiçosos Espíritos de Solidariedade Natalina – ainda com os olhos semiabertos, sonhando no sono dos justos por estarem nos braços de Morfeu – procuram uma explicação plausível para serem acordados ‘tão cedo’. – “Ainda não chegou o Natal, caramba. Arre!”... - resmungam irritados!

E o Espírito de Solidariedade Natalina tem lá as suas razões, porque ainda não é o tempo de se ser solidário mesmo porque o calendário ainda não marcou. Mas o Covid-19 tem mais razões (“que a própria razão desconhece”) para acordar o nosso Espírito de Solidariedade. O egoísta Espírito Natalino pode continuar no seu ‘período hibernatório’. Para ele pouco importa. O mais importante é que o Espírito de Solidariedade Humana (o melhor de todos eles) agora está desperto, vivo e atuante no amparo ao irmão carente, independente de quais sejam as datas comemorativas – com a permissão, ou não, tanto faz – do “Rei Calendário.”

A minha parva e egoística viseira – que me impedia de ver o óbvio – fora retirada pelo Covid-19. Agora, posso ver o meu irmão, suas necessidades, suas carências. O seu corpo carente, agora, não é mais volátil, etéreo. Ele é físico – eu o vejo e lhe dou o abraço, antes, por mim negado. Tudo isso só fora possível graças a esta minúscula e invisível forma de vida, o Covid-19. Com ele pude ver o tamanho da minha pequenez (bem menor que a dele) perante o nosso Deus.

Noto que a nossa necedade fez criar esta crostas de impurezas humanas – e tantas outras mais – que se impregnaram em nós, seres humanos, com tamanha intensidade que nos tornamos irreconhecíveis até mesmo (Imagino!) pelo Criador ao não reconhecer – como sendo Sua obra prima – a criatura que, hoje, somos!

Pode parecer insano o meu pensar, mas quero ser melhor. Desejo ser lapidado. Quero melhorar e anseio que: tu, ele, nós, vós e eles, também possam ser lapidados, para que, juntos, possamos fazer um mundo bem melhor para as nossas futuras gerações.

Desejo melhorar, ser lapidado. Quero retirar de mim esta couraça de impurezas que impede que o Eu Ser Humano resplandeça, e que – brilhando com toda a minha intensidade e fulgor – possa me tornar um diamante e ofuscar todos os males que permeiam a humanidade.

Obrigado, Covid-19, por lapidar-me e por ajudar-me a vir a ser um ser humano como o nosso Deus gostaria que eu fosse, e que fôssemos todos nós!

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Altamiro Fernandes da Cruz

Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 16/06/2020
Alterado em 06/11/2023
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